Didática
da ação
As novas
responsabilidades da escola eram, portanto, educar em vez de instruir; formar
homens livres em vez de homens dóceis; preparar para um futuro incerto em vez
de transmitir um passado claro; e ensinar a viver com mais inteligência, mais
tolerância e mais felicidade. Para isso, seria preciso reformar a escola,
começando por dar a ela uma nova visão da psicologia infantil.
O próprio ato de aprender, dizia Anísio, durante muito tempo significou simples memorização; depois seu sentido passou a incluir a compreensão e a expressão do que fora ensinado; por último, envolveu algo mais: ganhar um modo de agir. Só aprendemos quando assimilamos uma coisa de tal jeito que, chegado o momento oportuno, sabemos agir de acordo com o aprendido.
Para o pensador, não se aprendem apenas idéias ou fatos mas também atitudes, ideais e senso crítico – desde que a escola disponha de condições para exercitá-los. Assim, uma criança só pode praticar a bondade em uma escola onde haja condições reais para desenvolver o sentimento. A nova psicologia da aprendizagem obriga a escola a se transformar num local onde se vive e não em um centro preparatório para a vida. Como não aprendemos tudo o que praticamos, e sim aquilo que nos dá satisfação, o interesse do aluno deve orientar o que ele vai aprender. Portanto, é preciso que ele escolha suas atividades.
Por tudo isso, na escola progressiva as matérias escolares – Matemática, Ciências, Artes etc. – são trabalhadas dentro de uma atividade escolhida e projetada pelos alunos, fornecendo a eles formas de desenvolver sua personalidade no meio em que vivem. Nesse tipo de escola, estudo é o esforço para resolver um problema ou executar um projeto, e ensinar é guiar o aluno em uma atividade.
Para
pensar
As escolas
comunitárias americanas inspiraram a concepção de ensino de tempo integral de
Anísio Teixeira. Lá, no entanto, a jornada dificilmente tem mais do que seis
horas diárias. O conceito entre nós ampliou-se consideravelmente: escola de
pelo menos oito horas e, no caso dos Cieps, uma instituição que deveria dar
conta de todas as necessidades das crianças, até mesmo de cuidados maternos e moradia. Numa realidade na qual os recursos são limitados, o problema é de
prioridades e decisões difíceis: manter uma escola com esse modelo para uma
minoria ou manter um modelo menos ambicioso para a maioria? Afinal, Anísio
também propunha uma escola para todos.
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