Lembrando Paulo Freire |
Freire
criticava a idéia de que ensinar é transmitir saber porque para ele a missão do
professor era possibilitar a criação ou a produção de conhecimentos. Mas ele
não comungava da concepção de que o aluno precisa apenas de que lhe sejam
facilitadas as condições para o auto-aprendizado. Freire previa para o
professor um papel diretivo e informativo - portanto, ele não pode renunciar a
exercer autoridade.
Segundo o pensador pernambucano, o profissional de educação
deve levar os alunos a conhecer conteúdos, mas não como verdade absoluta.
Freire dizia que ninguém ensina nada a ninguém, mas as pessoas também não
aprendem sozinhas. "Os homens se educam entre si mediados pelo
mundo", escreveu. Isso implica um princípio fundamental para Freire: o de
que o aluno, alfabetizado ou não, chega à escola levando uma cultura que não é
melhor nem pior do que a do professor. Em sala de aula, os dois lados
aprenderão juntos, um com o outro - e para isso é necessário que as relações
sejam afetivas e democráticas, garantindo a todos a possibilidade de se
expressar. "Uma das grandes inovações da pedagogia freireana é considerar
que o sujeito da criação cultural não é individual, mas coletivo", diz
José Eustáquio Romão, diretor do Instituto Paulo Freire, em São Paulo.
A valorização da cultura do aluno é a chave para o processo de conscientização preconizado por Paulo Freire e está no âmago de seu método de alfabetização, formulado inicialmente para o ensino de adultos. Basicamente, o método propõe a identificação e catalogação das palavras-chave do vocabulário dos alunos - as chamadas palavras geradoras. Elas devem sugerir situações de vida comuns e significativas para os integrantes da comunidade em que se atua, como por exemplo "tijolo" para os operários da construção civil.
A valorização da cultura do aluno é a chave para o processo de conscientização preconizado por Paulo Freire e está no âmago de seu método de alfabetização, formulado inicialmente para o ensino de adultos. Basicamente, o método propõe a identificação e catalogação das palavras-chave do vocabulário dos alunos - as chamadas palavras geradoras. Elas devem sugerir situações de vida comuns e significativas para os integrantes da comunidade em que se atua, como por exemplo "tijolo" para os operários da construção civil.
Diante dos alunos, o professor mostrará lado a lado a palavra e a representação visual do objeto que ela designa. Os mecanismos de linguagem serão estudados depois do desdobramento em sílabas das palavras geradoras. O conjunto das palavras geradoras deve conter as diferentes possibilidades silábicas e permitir o estudo de todas as situações que possam ocorrer durante a leitura e a escrita. "Isso faz com que a pessoa incorpore as estruturas lingüísticas do idioma materno", diz Romão. Embora a técnica de silabação seja hoje vista como ultrapassada, o uso de palavras geradoras continua sendo adotado com sucesso em programas de alfabetização em diversos países do mundo.
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